Meu primeiro emprego
Hoje vou contar um pouco como foi a experiência de trabalhar em Vancouver.
Eu não sei se todos tem esse mesmo sonho, mas quando vim pra cá queria trabalhar na minha área. Imagina ter no currículo a experiência de ter trabalhado no exterior?!
Claro que isso não é impossível, tem pessoas que saem do Brasil com um emprego garantido para trabalhar aqui ou em qualquer outra parte do mundo, mas a minha área já não é lá tão fácil, meu inglês não ajudava e vamos combinar que para atuar como jornalista aqui tenho que ter um inglês fluente, saber muito bem a gramática e ter um bom vocabulário.
Então fui atrás de subemprego mesmo e de algo que pudesse melhorar meu inglês.
Como disse no post anterior consegui emprego de caixa num mercado. Na
Como nunca tinha trabalhado com isso na minha vida, achei complicado. Identificar, diferenciar e lembrar do código de cada legume e fruta, saber colocar o desconto quando o cliente apresentasse cupom do produto ou do estabelecimento, orientar o cliente quando ele perguntava onde ficava determinado produto, colocar as coisas na sacola e ainda conversar com o cliente na hora do atendimento. Tudo isso óbvio em inglês. Onde trabalhei não tinha nenhum brasileiro ou alguém que falasse português, o que foi ótimo para melhorar meu inglês, como foi péssimo quando tinha duvida e queria resolver rápido.
O fato é que demorei para pegar os códigos, mas os gerentes e funcionários foram super legais comigo, com exceção de uma senhora que não tinha a menor paciência em me explicar e parecia me odiar. Depois de um tempo ela ficou um amor comigo. Só vi um ou outro canadense olhar torto com meu fraco desempenho no começo, os demais não se importavam, me ajudavam. Nos primeiros dias eu estava super nervosa, queria fazer as coisas certas e o fato de estar assim atrapalhava ainda mais. Mas é algo natural, depois fui pegando o ritmo e me acostumando.
Nesses meses muita coisa aconteceu. Um fato marcante foi da cliente pedir "cash back". Em alguns mercados daqui (não sei se em todos), você pode pedir para sacar dinheiro, ou seja, você paga o valor que comprou e pede para sacar mais $10 por exemplo. Nesse mercado o saque máximo é $20. Um belo dia uma mulher pediu para sacar e eu disse que o máximo era $20. Ela disse que queria sacar $50. Eu disse que não dava, que o máximo era $20, mas ela insistia que queria sacar $50. Nisso o cara que estava na fila atrás dela disse "ela quer sacar $15". Gente eu estava confundindo "fifteen" com "fifty". Eu queria morrer né depois desse mico, acho que fiquei roxa, ri e pedi mil desculpas. Ela riu e disse que tudo bem, que não tinha problema. Um outro cliente, que é da Inglaterra, perguntou de onde era e quando disse do Brasil ele falou "corinthiana?" e eu "lóooogico". Ele virou meu amigo logo de cara né, hauahauaaa. Fiz muitas amizades ali e paguei muitos micos também.
Uma característica muito comum do canadense é perguntar como você está, falar
do clima, as vezes de hockey, ou então como foi a semana, etc. Uma transação não demora mais que um minuto, se for no máximo dois quando a compra é maior, logo as conversas são rápidas e exigem que você seja rápido também. Isso me ajudou muito a ter mais agilidade para falar, mas me deixou também muitas vezes com cara de paisagem e aquele sorriso de "Uhm, I know", mas eu não sabia, não tinha entendido. Nesse ambiente é complicado ficar pedindo pra pessoa repetir, porque como citei o tempo é curto. Diferente da escola que você pergunta, a pessoa explica até você entender.
No começo eu ouvia mais do que falava. Tinha um australiano que ia sempre lá, trocava uma puta ideia comigo e eu entendia uns 50% do que ele falava. Acho que de todos, esse foi o sotaque que tive mais dificuldade de entender. Eu não sei se é porque ele falava muito rápido, mas a gente sabe que o sotaque australiano é algo complicadinho, rs. Os asiáticos também tem um sotaque difícil, mas como eles falam mais devagar as vezes é mais fácil de entender o contexto.
Outra coisa legal é que os canadenses entendem que você é de fora e está
Muitas vezes me senti uma burra por não conseguir acompanhar a conversa, por demorar a aprender, mas hoje em dia não ligo tanto pra isso. Um amigo da Líbia, que mora aqui, sempre me falava "take your time" e hoje em dia estou fazendo isso, aprendendo no meu tempo, sem me estressar. Por isso que falo, não dá pra vir com um inglês básico ou intermediário, ficar 6 meses ou menos e querer sair fluente. Isso não significa que seja impossível, mas se você for como eu que dei tempo ao tempo, que to indo aos poucos, e ainda falando em português, não rola messsssmo.
Pra quem veio ou vem só com a permissão de estudo perde uma oportunidade incrível de aprender de uma forma mais dinâmica e até mesmo divertida. Pra quem vem e consegue empregos como dishwasher, limpeza, que ganha até mais, mas que no final não tem um resultado interessante, pelo menos para aprender o idioma.
Quem quer aprender mais tem que estar em contato com pessoas. Empregos como de caixa, vendedor, garçom, enfim qualquer um que seja de atendimento ao público, ajuda a dar aquela guinada que queremos.
Percebo que hoje em dia estou muito melhor do que quando cheguei e espero sair daqui fluente. Essa é minha meta.
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Amigos de trabalho em um jantar da empresa |
DICAS:
- Seja cara de pau, converse, não tenha medo de errar. Aproveite que os canadenses são pacientes e não se importam em explicar, repetir;
- Se você é como eu, de não ficar estudando mais do que exigem na escola, de não falar o tempo todo em inglês, procure empregos que te force a falar, isso ajuda a dar uma guinada no idioma;
- Se seu visto é só para estudo faça algum trabalho voluntário, isso irá ajudar muito a ganhar mais fluência e estar em contato com canadenses;
- Quanto mais sotaques você ouvir seu listening vai melhorar. Ouvir um canadense falando é lindo, parece até português, você entende praticamente tudo, mas ouvir outros sotaques ajuda porque no dia a dia, aqui principalmente, você está em contato com pessoas de vários países.
Até mais!
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